segunda-feira, 29 de junho de 2015

O sono de Deus

Dom Alberto Taveira CorrêaArcebispo de Belém do Pará (PA)

 

Os discípulos de Jesus percorreram etapas exigentes em seu amadurecimento como seguidores daquele Mestre tantas vezes enigmático em seus gestos e palavras. Junto com Jesus, muitas vezes o Lago de Genesaré, também chamado Mar da Galileia ou de Tiberíades, tornou-se cenário privilegiado para o chamado, milagres, repouso, crises, pregações e o duro aprendizado, que frutificará depois, quando a barca da Igreja singrar os mares da história. Após a Ressurreição, foi ainda à beira do lago que descobriram que "o mar não está para peixe", quando falta o reconhecimento da presença do Senhor (Cf. Jo 21, 1-14). Só quando alguém diz "É o Senhor" é que as coisas mudam.

Dura e frutuosa lição experimentaram os discípulos numa das muitas travessias do mar (Cf. Mc 4, 35-41). O cenário é perfeito para o medo! Ventania, ondas que se lançam dentro da barca, e Jesus dormindo! "Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?" e Jesus se levantou, ordenou silêncio ao vento e ao mar. À calmaria, seguiu-se o ensinamento precioso: "Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé? Eles sentiram grande temor e comentavam uns com os outros: Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?" (Mc 4, 40-41). Ao apavoramento se seguiu o temor, que podemos chamar de sagrado! É que estavam descobrindo naquele que os chamara nada menos do que o mesmo Deus que fecha o mar com portas, marca seus limites e controla a "arrogância" de suas ondas (Cf. Jó 38, 1-11). E temor de Deus é um dos dons do Espírito Santo.
As sucessivas gerações de cristãos, até chegar aos nossos dias, e assim será até a volta do Senhor, devem confrontar-se com o dilema do silêncio ou do sono de Deus. Quem de nós, diante da decadência dos costumes, ou frente à onda de violência que se assoma às nossas famílias, a criminalidade impune, ou o indiferentismo e o relativismo que se espalham, não desejou, mesmo secretamente, que venha um fogo do céu para balançar as consciências? (Cf. Lc 9,54-58). Até hoje Jesus repreende os discípulos que desejam usar tais armas!
Quer dizer que Deus não age, ou que continua dormindo comodamente sobre um travesseiro? Basta verificar o curso de nossa vida pessoal, no ponto em que nos encontrarmos, para constatar a presença misteriosa, mas efetiva, de Jesus Salvador em nossa existência. As orações são ouvidas? Sim, mas não como se o Senhor estivesse a nosso serviço, para operar obras prodigiosas, quem sabe desejadas para parecermos melhores do que os outros. Só Deus é capaz de conduzir os acontecimentos do mundo, como Senhor da história, respeitando a liberdade humana.
Para ficar em nossa geração, é positivamente espantoso verificar a sucessão de Papas que a Igreja ofereceu ao mundo, como reserva moral, defesa da verdade e dos direitos das pessoas. Vale uma bonita ladainha, de 1939 para cá: Pio XII, São João XXIII, o Beato Paulo VI, João Paulo I, São João Paulo II, Bento XVI e o Papa Francisco. Felizes somos nós, numa época de carência de líderes autênticos, por termos a Providência Divina que suscita intervenções tão carregadas de sabedoria e firmeza.
Nesta semana, se rejubila nossa Amazônia com a notícia, o Papa Francisco publica a Encíclica sobre a Criação e a Ecologia, chamada "Laudato si". É que Deus realiza a sua obra, bem acordado ("Meu Pai trabalha sempre" - Jo 5,17). Só que desejou benevolamente contar com os dons que nos foram concedidos, e não só aos papas! Tudo o que era estritamente necessário dizer à humanidade foi dito no Filho Amado do Pai, Palavra Eterna encarnada para nossa Salvação. Sem receio de exagerar, podemos dizer que as mazelas todas do mundo seriam e podem ser superadas se o Evangelho for vivido. E as consequências do Evangelho podem iluminar desde as pessoas mais simples até os maiores portentos da ciência ou da técnica. E as muitas moções proféticas que o Senhor oferece no curso da história, através de homens e mulheres dóceis ao Espírito Santo, não fazem mais do que confirmar o que a Palavra revelada já proclamou, oferecendo os necessários desdobramentos correspondentes a cada tempo, para edificarmos um mundo mais justo e fraterno.
Mais do que achar que Deus está dormindo, o que acontece é que uma onda terrível, sob a qual não podemos deixar de identificar a presença e atuação do pai da mentira, cujo nome conhecemos, que pretende fazer com que o mundo viva sem Deus e impedir que a Palavra vinda de sua boca chegue às pessoas, ou ainda ridiculariza o que existe de sagrado na confissão de fé dos homens e mulheres de nossa época, suscitando o que Papa Francisco chama de mundanidade.
Todas as pessoas de boa vontade se espantaram e se revoltaram com o flagrante desrespeito à fé cristã, aos santos e santas e ao Senhor Jesus Cristo, em cujo nome, e só nele, se encontra a salvação, ocorrido recentemente numa grande cidade de nosso país. São pessoas que por suas opções pessoais gritam por respeito, mas não são capazes de reconhecer o mesmo direito de quem professa uma religião. Deus não está dormindo, e nem precisa tramar castigos para quem quer que seja. Ele já disse o que pensa através do clamor que ressoou pelo Brasil.
Outro desafio se anuncia gravíssimo nos próximos dias! Há uma armadilha preparada para dilapidar a formação da consciência das novas gerações, quando a chamada "ideologia de gênero" ameaça ser incluída nos planos educacionais do país. No momento, são as Câmaras Municipais que devem analisar os projetos. Conclamamos todas as casas de leis de nossos municípios de todo o Estado do Pará, a fim de que rejeitem corajosamente esta ameaça. E aqui todos os vereadores e vereadoras cristãos que têm temor de Deus, católicos ou de outras confissões cristãs, são por nós convidados a se posicionarem com firmeza, rejeitando o que maldosamente está sendo proposto por instâncias superiores no campo educacional, que insistem em fazer valer essa ideologia absolutamente contrária aos princípios que defendemos. Para que ninguém pretenda calar a voz de Deus ou fazê-lo dormir, apelo aos meus leitores para encaminharem cópias do texto que agora têm em mãos aos vereadores de todos os municípios do Brasil.
Deus nos entregou uma grande responsabilidade, a de sermos porta-vozes daquilo que ele pensa e quer! Não necessitamos de grandes ou novas revelações para viver esta missão. Basta ter na mente, no ouvido e no coração o Evangelho de Jesus Cristo, vivê-lo e proclamá-lo corajosamente. Como na narrativa da Criação Deus descansou ao ver que tudo o que fizera era muito bom (Cf. Gn 1, 31), permitamos-nos dar alegria e repouso ao seu coração, sendo coerentes com seu plano de amor.
Fonte: CNBB

terça-feira, 23 de junho de 2015

Com o novo sistema de trabalho da Caminhos Sagrados Turismo você continua ganhando: Viaje à Terra Santa de graça!!!

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segunda-feira, 1 de junho de 2015

O Espírito Santo: Senhor que dá a vida

Dom Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil

Poucos projetos pareceriam tão inconsistentes como o da Igreja: uma instituição colocada nas mãos de pescadores, quase sem  nenhuma estruturação e tendo à  frente um fundador que, ao morrer numa cruz, foi abandonado até pelos amigos mais próximos. Que obra nascida assim teria algum futuro?

Antes de deixar seus discípulos e enfrentar a morte, Jesus os reuniu, para lhes fazer as últimas recomendações; especialmente um pedido e uma promessa. O pedido: “Não se perturbe o vosso coração!”. A promessa: “Não vos deixarei órfãos”. Para isso, garantiu que lhes enviaria o Espírito da Verdade, que tudo ensinaria e que lhes faria recordar o que ele próprio lhes  falara.  O Espírito Santo não falaria de si mesmo, mas levaria os seguidores de Jesus à verdade plena (cf. Jo 14,1-26).
A ação do Espírito Santo foi constante na vida do mundo, na história do povo escolhido e na vida de Cristo. No ato da criação, por exemplo, “o espírito de Deus pairava sobre as águas” (Gn 1,2); na Anunciação, o mensageiro divino falou a Maria: “O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo vai te cobrir com sua sombra...” (Lc 1,35); e, no início da proclamação do Reino, Jesus, uma vez batizado, “subiu imediatamente da água e logo os céus se abriram e ele viu o Espírito de Deus descendo...” (Mt 3,16).
O Espírito Santo, comunhão entre o Pai e o Filho, sacramento do amor eterno, é, na vida dos cristãos, princípio de unidade e fonte da vida nova que Jesus trouxe. Por isso, só quando ele age há autêntica renovação dos homens e da sociedade. Ele é que desperta nos povos os anseios de justiça e fraternidade, de liberdade e amor.
"Eu creio no Espírito Santo"dizemos solenemente,  ao proclamar a nossa fé. Ecoa em nossos ouvidos a afirmação de Cristo, por ocasião de sua despedida: “Recebereis uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e a Samaria, e até os confins da terra” (At 1,8).
Fazemos parte de um povo que tem direito de ouvir o anúncio do nome, da doutrina, da vida, das promessas e do mistério de Jesus de Nazaré. É na força do Espírito Santo que tal anúncio é feito, pois ele é que anima os evangelizadores e os assiste para que transmitam a verdade total.
A adesão a Jesus Cristo não pode permanecer abstrata e desencarnada: ela se concretiza nas  comunidades de fiéis. Graças à ação do Espírito Santo, essas  comunidades recebem os carismas de que necessitam,  tornam-se capazes de vencer desafios e de crescer na unidade. Embora sopre onde queira, ele privilegia os fracos ("os vasos de barro" - S. Paulo), já que neles transparece melhor a obra de Deus.
Hoje, o Espírito Santo não cessa de estar presente em nosso mundo. Encontra, porém, resistência, principalmente por parte do “Príncipe deste mundo”, que trabalha contra a união da criatura com o Criador, leva o homem ao pecado e o conduz ao materialismo e ao ateísmo. Em oposição, o Espírito Santo chama as pessoas à conversão, une o sofrimento humano ao de Cristo e concede aos apóstolos e seus sucessores o poder de perdoar os pecados.
Nosso mundo está impregnado de sinais de morte: aí estão a violência, as guerras, a fome, o aborto, a eutanásia, o terrorismo etc. Mas, sob a ação do Espírito Santo, manifestam-se no mundo inúmeros sinais de vida: pessoas que trabalham pela a paz, homens e mulheres que dedicam sua vida para diminuir a dor de quem sofre, cientistas que buscam respostas para os desafios que se renovam etc.
Pentecostes – solenidade que celebramos hoje – não é um acontecimento do passado: a Igreja está sempre no Cenáculo e persevera na oração, com os apóstolos e com Maria, a Mãe de Jesus.
Fonte: CNBB