segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Repetindo e ampliando o erro

Dom Aloísio Roque Oppermann
Arcebispo Emérito de Uberaba (MG)
 
Dessa vez a má notícia foi atribuída aos astrônomos maias. Por um lamentável erro de interpretação, foi despertado o catastrofismo – sempre latente na humanidade – informando que o cataclismo universal (com data e hora marcadas) finalmente provocaria o “fim do mundo”. Essa foi apenas mais uma das equivocadas previsões, que veio enriquecer a imensa coleção de profecias falsas que acompanham a história da humanidade (sem esquecer o PIB nacional). Quanto à catástrofe final o nosso Mestre Jesus já nos tinha advertido que “quanto àquele dia e àquela hora, ninguém o sabe, mas somente o Pai” (Mt 24, 36). O Ministro Aldo Rebelo, de resto uma pessoa digna, de posse de melhores informações, já marcou que o fim de tudo, só pode acontecer para daqui a 4 bilhões de anos. Interpretando os fartos noticiários, jogados diariamente “urbi et orbi”, deu para perceber que, de fato, ninguém estava acreditando no vaticínio. Mas na tonalidade dos informativos foi possível detectar um ar de fina zombaria, demonstrando que isso de morte e de “fim dos tempos” não é mais assunto moderno.
 
Quanto à morte pessoal sempre foi vista como uma verdade inegável. Como a humanidade está evoluindo na expectativa de vida, agora surgem corajosos senhores que afirmam que em breve alcançaremos uma vida sempiterna. Olhada sob um aspecto, a morte acaba sendo um benefício para todos. Por meio dela, além de nos ocasionar “o encontro para sempre com o Senhor” (1 Tes 4, 17), permite a renovação da caminhada humana, com novas idéias e novos planos. O óbito dos mais velhos é uma chance para as novas gerações. Jesus, por sinal, nunca curou ninguém da mais fatal das doenças, a velhice...No caso de a morte se tornar uma página virada, é preciso conter imediatamente a reprodução humana. E combinar com a bandidagem para não matarem mais ninguém. O céu vai ser aqui. Por isso, nesse contexto, falar de fim de mundo é visto como um total contrasenso. Nós queremos é viver sempre. Isso fica subentendido quando cultivamos o corpo, através da fisioterapia, da ginástica levada ao exagero. Nós cristãos, sem falhar aos nossos deveres dizemos: “Vem, Senhor Jesus” (Ap 22,20).
 
 
Fonte: CNBB

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