segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A vida não tem preço

Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá (PR)

Quem não se ficou abalado ao ver as imagens da tragédia com os jovens na boate Kiss, em Santa Maria? Quem não sentiu dor e compaixão pelos jovens mortos, e pelas suas famílias? Como foi emocionante ver tanta solidariedade, tantas manifestações de afeto e de conforto, tantas preces elevadas aos céus neste momento de profunda comoção.
Ninguém imaginava, ninguém desejava, muito menos alguém pudesse, voluntariamente, provocar uma catástrofe deste tipo. Porém, diante do fato, ninguém pode ficar alheio.
Esse fato provocou uma séria revisão de todos os ambientes de aglomeração, pois não é possível deixar que se repita tamanha tragédia, ceifando vidas. Revisão radical de uma série de situações semelhantes, de lugares em que a juventude se encontra como lugar de lazer, diversão.
Sempre existiram ambientes para danças, teatros, etc. O diferencial hoje está na sofisticação destes ambientes e das bandas que buscam sempre o que tem de mais moderno, com o intuito de agradar a clientela. Tudo isso, quando feito sem exagero, sem extremismos, acaba se transformando em belas oportunidades de crescimento humano, social e afetivo.
Quando tem balada, vem a pergunta: deixo ou não meu filho, minha filha, sair hoje à noite com seus amigos? Na verdade o drama pode começar dentro de casa. Quantos conflitos familiares acontecem na negociação entre pais e filhos.
O relacionamento verdadeiro tem como base a confiança conquistada entre ambas as partes. Faz-se necessário saber, com quem vai, aonde vai, que horas vai sair, que horas voltará e como voltará.
Perguntas que só serão respondidas na confiança mútua, e que na maioria das vezes acabam se resumindo por apenas um “estou indo”! “Tchau!”
Diante do fato profundamente lamentável, não se trata de buscar culpados e sim encontrar a solução para que isso jamais venha acontecer novamente. Vidas humanas não têm preço. Ninguém vai devolver a vida de ninguém. Ninguém tem o direito de culpar a Deus, ou dizer que foi Deus que quis. Deus não quer a morte. Nosso Deus é o Deus da vida.
Em tudo na vida vale a velha e antiga palavrinha “equilíbrio”. No dicionário online de português encontramos essa definição: “estado de repouso de um corpo solicitado por várias forças que se anulam. Posição estável do corpo humano. Exibição acrobática. Ponderação, calma, prudência, equilíbrio de espírito”.
Sempre e em cada momento da vida, vale levar a sério tudo com ponderação, com calma, prudência e equilíbrio de espírito. Milhares de fatos da vida, negativos ou positivos, onde o que marcou tanto um como outro foi a calma, ou a falta dela, foi a prudência ou a falta dela, foi a ponderação ou falta dela, foi o equilíbrio ou a falta dele. A dor da perda de um ente querido não tem remédio. Só o tempo é a fé na eternidade podem dar um novo sentido. O vazio ficará para sempre. A vida humana não tem preço, tem perfume de eternidade. Rezemos por Santa Maria.
Fonte: CNBB

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