segunda-feira, 7 de abril de 2014

Artigos Padre Juarez: Livrai-nos, Senhor, dos males da língua

São Brás é um santo muito querido. É difícil encontrar alguém que não tenha ido, ao menos uma vez, à igreja no dia 3 de fevereiro para receber a Bênção de São Brás. É uma bênção bonita, imponente. Com duas velas em cruz, o padre se aproxima e abençoa dizendo: “Por intercessão de São Brás, Bispo e Mártir, livra-te Deus dos males da garganta e de qualquer outra doença. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Essa devoção começou a partir de um acontecimento na vida desse homem santo e simples que era bispo em Sebaste, na Armênia. Conta a história que uma pobre mãe levou um filhinho sufocado por uma espinha de peixe para que São Brás o curasse. Este lhe impôs as mãos, fez o sinal da cruz e a criança ficou curada. Mais tarde, vítima da perseguição aos cristãos, Brás foi covardemente torturado e morto. Ele teria sido terrivelmente flagelado e torturado, sendo por fim pendurado em um andaime para morrer. Como não morria, primeiro lhe descarnaram os ossos com pentes de ferro. Depois tentaram afogá-lo duas vezes e, frustrados, o degolaram para ter certeza de sua morte.
Desde então, costumamos receber a Bênção de São Brás pedindo para que Deus nos livre dos males da garganta e das doenças em geral. É bom que se faça isso. Afinal, além dos médicos e medicamentos, temos ao nosso favor a graça e o amor de Deus. Mas, quando nos lembramos de São Brás, é bom refletir não só sobre os males que podem atacar nossa garganta, mas também sobre o mal que nossa garganta pode produzir.
A garganta aqui compreende a língua e o coração. São Tiago já falou da língua. Esopo já havia demonstrado, ao seu senhor, que a língua servia para o bem e para o mal. E agora, lembro eu, que da língua vêm as fofocas, as malícias, as indiretas, as calúnias que podem fazer um grande estrago na vida das pessoas. Mas a língua não age sozinha. Ninguém fala sem antes as palavras brotarem do coração. Por isso, para a língua ser boa, antes é preciso que o coração seja misericordioso, transformado pela oração e pelo Evangelho.
Elogie mais. Fale de coisas boas. Aponte a qualidade dos outros. Defeitos e coisas ruins não precisam ser falados e destacados. Eles já são notados naturalmente e não precisam da sua língua para evidenciá-los. Pare de olhar para dentro da casa de seu vizinho e olhe mais para a sua. Pare de inventar perfil falso para vasculhar o Facebook do outro. Use sua língua e garganta para louvar a Deus. Use sua língua e coração para ler poesias e contar as maravilhas que Deus tem feito por você. Peça a bênção para sua garganta e peça, sobretudo, que Deus a abençoe para que, da sua boca, brotem palavras de amor e misericórdia. Com certeza nos livraremos dos males terríveis da discórdia e do ódio. Livra-nos, Senhor, dos males da língua!
Padre Juarez de Castro
Fonte: Revista Viva Mais

Nenhum comentário:

Postar um comentário