Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Arcebispo de Uberaba (MG)
Toda sociedade, por ser formada de
pessoas humanas, necessita de normas e de leis para sua condução, mas o
verdadeiro estatuto de comunidade cristã é o amor. Ele deve estar acima
de qualquer regra, superando todo tipo de autoritarismo, orgulho próprio
e atos de exploração. Quem ama consegue conviver e construir uma
cultura de justiça e paz.
O verdadeiro amor chega a ultrapassar os
limites humanos e passa a ter dimensão de fé e de esperança. Quem assim
age, vive num espaço sagrado, porque é o espaço de Deus. Foi Ele quem
nos amou primeiro, dando-nos a capacidade para um amor sobrenatural,
acima de um amor apenas no nível humano.
Deus se faz presente onde tudo é feito
por amor. Sua presença transforma tudo, porque passa a reinar a verdade e
a fraternidade. De forma utópica, podemos dizer que “o mandamento novo”
constitui um “novo céu e uma nova terra”, onde as pessoas conseguem
viver com dignidade e respeito.
A traição é contra o amor e contra a
vida. Foi o que aconteceu com Judas, vendendo Jesus por dinheiro.
Negociar a vida, como tem acontecido muito nos últimos tempos, é agir
contra o mandamento novo. É ir contra o amor doação e que respeita a
liberdade das pessoas no seu próprio ser.
Amar é ter atitude de serviço, de
voluntariado e de desprendimento. É como a semente lançada na terra, que
se sacrifica e morre para, dali, nascer a vida. Ou como a vela que se
consome para iluminar o ambiente. Hoje isto significa “ir contra a maré”
da nova cultura e das ideologias capitalistas dominantes.
Temos que lutar por uma nova ordem
social, caracterizada pela não exclusão, que leva em conta o respeito
aos direitos e deveres dos cidadãos. A preocupação maior deve ser o
servir e não o ser servido. As dificuldades não devem ser motivo de
queda e desânimo. Por isto não podemos agir com superficialidade, sem
compromisso real com a vida. É necessário fidelidade ao mandamento novo
do amor.
Fonte: CNBB
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