segunda-feira, 15 de setembro de 2014

A tarefa do cristão não tem limites

Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
Os três versículos da segunda leitura do vigésimo terceiro domingo do Tempo Comum são marcados pelo tema do amor enquanto cumprimento da Lei. O amor é a raiz de tudo o que deve ser feito e o modo pelo qual tudo deve ser feito. Paulo sintetiza isso em uma frase lapidar: “Não tenham nenhuma dívida para com ninguém, a não ser a de se amarem unas aos outros”.

Diante disso, nós nos perguntamos: essa dívida que contraímos com o nosso próximo é pagável ou impagável? Temos crédito ou débito? A resposta a essa questão fica mais clara à luz do tema central da carta aos Romanos. E o tema central é este: a humanidade toda tinha, em relação a Deus, uma dívida que jamais poderia saldar, pois o ser humano não reunia condições para se salvar ou se justificar por força própria ou em vista de seus méritos. Então, Deus intervém com a grande novidade: Ele anistia a humanidade inteira, salvando-a em Cristo Jesus, morto e ressuscitado. Para a humanidade, não resta senão um gesto capaz de responder a esse amor inesperado e extraordinário, ou seja, acreditar em Jesus e procurar responder, com a mesma intensidade, ao amor que Ele manifestou.
São Paulo mostra em que consiste amar a Deus e a seu Filho Jesus: “Quem ama o próximo, cumpriu a Lei. De fato, os mandamentos: Não cometerás adultério, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e todos os outros, estão reunidos nesta palavra: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”
Note-se que, em todo esse trecho, não se menciona Deus. Tem-se a impressão de que esteja faltando algo, mas não está, porque não há muitas formas de amarmos a Deus. Na verdade, há uma só, que é amando o próximo, cada pessoa, do jeito que ela é, pois sabemos que ninguém escolhe o próximo para amá-lo. Ele simplesmente se apresenta como dom de Deus e também como desafio à nossa capacidade de amar. Nesse sentido, todos somos devedores de uma dívida impagável, a não ser que sejamos capazes de gestos gratuitos como os de Jesus, que se entregou totalmente por amor.
Fonte: CNBB

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