segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Artigo: Dominar

D. José Alberto Moura, CSS
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros
Ser senhor ou dominar pode ser interpretado de duas maneiras: exercer o comando ditatorial ou cuidar com amor. O ser humano recebeu a missão divina para dominar terra, recebendo a condição de ser imagem e semelhança de Deus. Para isso, é preciso haver uma estreita relação com o Criador. Havendo a autossuficiência humana o domínio se dá de modo despótico e arruinador, como temos visto na história humana. Colocando-se no lugar de Deus o ser humano arruína o convívio com o semelhante e a natureza. As conseqüências disso são danosas.

Homem e mulher foram encarregados de conviverem em harmonia entre si e com a terra. Deram o nome aos animais (Cf. Gênesis 2, 20), isto é, foram encarregados de cuidar dos seres criados por Deus na terra, assim como Ele cuida de todo o universo. Como imagem e semelhança de Deus os humanos são chamados a ter carinho com tudo o que existe no planeta terra. O domínio com Deus tem a conotação do cuidado com amor. Deus é a fonte do amor e do bem em relação ao ser humano e as demais criaturas (Cf. 1 João 4,8).

A convivência harmoniosa entre homem e mulher os faz agir, assumindo as coordenadas divinas, para fazerem com que o amor entre ambos se torne produtivo, com mútua complementaridade e promotor de vida. Sua relação, sem a missão assumida em mútua união, torna-se estéril e sem a busca do bem de ambos. Só o amor fecundado no divino traz a ambos o sentido da missão de governar o mundo com o cuidado próprio de quem tem a ternura divina.

O poder do humano sobre a terra é quase angelical, como o de Jesus (Cf. Hebreus 2, 9). No caminho do Mestre o homem e a mulher são capazes de realizar prodígios. A inteligência usada para amar produz bem estar social, pessoal, familiar e harmonia com a natureza. O desenvolvimento da ciência, da arte, da economia, da técnica e da política, nessa perspectiva, favorece o bem de todos. Ao contrário, faz acontecer desmandos e injustiças, guerras, acúmulo de riquezas para minorias e sofrimento para grandes parcelas. A própria religião se torna meio de infelicitação para grande parte.

A harmonia entre homem e mulher no convívio matrimonial, baseada na aceitação do amor divino, torna-se fonte de realização para ambos e sua descendência. Ao contrário, acontecem desajustes com conseqüências de sofrimento para todos e, de modo caracterizado, para os filhos.

Como fomento de educação para o cuidado da terra com ternura, temos pessoas e grupos de reforço no desenvolvimento do caráter, além da família. São pessoas e instituições que primam pelo exercício da missão de auxiliar o semelhante na promoção da vida de sentido e da cidadania. Felizmente há quem prime pela grandeza de caráter com a visão altamente altruísta. Leva a sério o ser imagem e semelhança do Criador, ajudando os outros a também serem e atuarem como tais. Formadas para cuidar da terra com amor, ensinam o que é o melhor para todos conviverem buscando o bem e a harmonia entre os pares e a natureza.
 
Fonte: CNBB

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