segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Artigo: Uma fé que vai além das ideologias

Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá (PR)
 
Ao celebrar o cinquentenário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II e o aniversário de vinte anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica, Sua Santidade, o Papa Bento XVI, decidiu proclamar o “Ano da Fé”. Começou quinta-feira, 11 de outubro, e terminará na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, no dia 24 de novembro de 2013. Essa bela decisão vem ao encontro do profundo sentido da fé, do espaço que ela deve ocupar na nossa cultura secularizada. Neste mundo de misérias, fome, guerras, violência e morte, parece que Deus não tem lugar e nem vez, e é a hora de gritar “falta fé e o homem e a mulher se afastaram de Deus”!
 
O Ano da Fé vem no momento certo, chega para despertar em todos um novo modo de ver e viver a fé. A fé não se resume em um dogma, ou em uma única definição do catecismo, ela leva para uma experiência viva de todo o rico tesouro da doutrina e da tradição. Como Pedro nos alerta para estarmos sempre prontos, a não vacilar diante de tantas doutrinas e interpretações de um mundo frio, calculista, vivendo sob o império da razão. “Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança, mas fazei-o com suavidade e respeito.” (1Pe. 3,15)
 
“Desde o princípio do meu ministério como Sucessor de Pedro, lembrei da necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidencia sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo. A Igreja, no seu conjunto, e os Pastores, nela, com Cristo devem pôr-se a caminho para conduzir os homens para fora do deserto, para lugares da vida, da amizade com o Filho de Deus, para aquele que dá a vida, a vida em plenitude.
 
“Sucede não poucas vezes que os cristãos sintam maior preocupação com as consequências sociais, culturais e políticas da fé do que com a própria fé, considerando-se como um pressuposto óbvio da vida diária. Ora, tal pressuposto não só deixou de existir, mas, frequentemente, acaba até negado.
 
Enquanto, no passado, era possível reconhecer um tecido cultural unitário, amplamente compartilhado no seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores por ela inspirados, hoje parece que já não é assim em grandes setores da sociedade devido a uma profunda crise de fé que atingiu muitas pessoas.” (Carta Apostólica Porta Fidei nº2)
 
“Desejo que o Ano da fé possa contribuir, com a colaboração cordial de todos os componentes do Povo de Deus, para tornar Deus novamente presente neste mundo e para abrir os homens ao acesso da fé, ao confiar-se àquele Deus que nos amou até o fim (Jo 13,1), em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado”. Bento XVI conclama: “Mostremos a todos a força e a beleza da fé. Seja um tempo de reflexão e de redescoberta da fé na família e na comunidade. Só acreditando é que a fé cresce e se revigora. Ela torna-nos fecundos porque alarga o coração com a esperança e nos leva à prática da caridade. Descobrir novamente os conteúdos da fé... refletir sobre o próprio ato com que se crê e professá-los pessoal e comunitariamente. Convido a rezar o Creio em família todos os dias ou pelo menos aos domingos durante o Ano da fé .” Somente uma fé renovada renovará o mundo.
 
Fonte: CNBB

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