Os bispos que compõem o Conselho Episcopal Pastoral, Consep, reunidos em
Brasília voltaram a discutir o
quadro geral das religiões no Brasil apresentado pelos resultados do Censo feito
pelo IBGE em 2010 e publicados em junho deste ano. Desta vez, a reflexão foi
dirigida às iniciativas pastorais que devem ser tomadas ou reforçadas para
responder ao fato de que caiu o número de brasileiros que se declaram membros da
Igreja Católica.
Segundo o IBGE, “os resultados do Censo Demográfico 2010
mostram o crescimento da diversidade dos grupos religiosos no Brasil. A
proporção de católicos seguiu a tendência de redução observada nas duas décadas
anteriores, embora tenha permanecido majoritária. Em paralelo, consolidou-se o
crescimento da população evangélica, que passou de 15,4% em 2000 para 22,2% em
2010. Dos que se declararam evangélicos, 60,0% eram de origem pentecostal,
18,5%, evangélicos de missão e 21,8 %, evangélicos não determinados”. A pesquisa
revela também “que os católicos romanos e o grupo dos sem religião são os que
apresentaram percentagens mais elevadas de pessoas do sexo masculino. Os
espíritas apresentaram os mais elevados indicadores de educação e de
rendimentos”.
Padre Thierry Linard de Guertechin, Presidente do Instituto
Brasileiro de Desenvolvimento, IBRADES, organismo anexo à CNBB, resumiu a
questão apresentada no chamado “mapa das religiões”. Ele lembra que não se deve
se prender ao que se têm destacado muito às duas categorias de “católicos” e
“evangélicos”.
Há novas comunidades cristãs que cresceram. É preciso
ainda considerar que cresceu também o número dos que se declaram sem religião.
Padre Thierry ressaltou que o casamento tem sido um fator importante na análise
da situação atual. Há um número considerável de casais com uniões consideradas
não regulares que estão fora das contas oficiais sobre os membros da Igreja.
Lembrou também que há que se considerar a situação das comunidades que não têm
assistência dos ministros ordenados. E não se pode esquecer que há declaração
daqueles que não são praticantes.
Os bispos abriram uma conversa ampla.
“É preciso considerar o resultados das pesquisas na elaboração dos planos de
pastoral de nossas dioceses” - disse Dom Joaquim Mol, bispo auxiliar de Belo
Horizonte (MG) e Presidente da Comissão de Educação e Cultura da CNBB. “É
preciso pensar em estruturas mais simples para nossas comunidades”, continuou
Dom Mol, que afirmou que está sendo realizada em Belo Horizonte uma pesquisa,
tecnicamente profissional, para se aprofundar o significado dos números. Para
Dom João Carlos Petrini, bispo de Camaçari (BA) e Presidente da Comissão
Episcopal para a Vida e Família, “a percentagem dos não praticantes brasileiros
que se declaram católicos se torna disponível para a oferta de outras Igrejas
que têm, por exemplo, o trabalho de visitar as pessoas de casa em casa e a
disposição de ler a Bíblia”.
“Os números mostram que a nossa catequese
não é ainda suficiente” - afirmou Dom Jacinto Bergmann, bispo de Pelotas (RS) e
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a animação bíblico-catequético.
Ele considera que a formação de grupos bíblicos pode ser um sinal de esperança
na evangelização.
“É preciso levar a sério as pesquisas”, disse o
Cardeal Dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo e Presidente da
Comissão Episcopal para a Amazônia. Ele diz que desde que começaram ser
divulgados dados sobre o número dos católicos verificam-se quedas. “É importante
considerar o modo como se acolhe para os sacramentos e é preciso partir da fé do
povo e não colocar em dúvida a fé que as pessoas manifestam ainda que não se
tenha uma exposição teologicamente elaborada”. O cardeal também mencionou a
importância da participação dos leigos. Sobre esse tema, o Prof. Geraldo Aguiar,
assessor da Comissão Episcopal Pastoral, declarou: “Acreditem nos leigos e
haverá um processo de transformação da nossa Igreja”.
Dom Guilherme
Werlang, bispo de Ipameri (GO), Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a
Caridade, Justiça e a Paz, destacou a importância da formação dos ministros
ordenados, considerando que a Eucaristia é a fonte e o horizonte da Igreja.
Reforçou ainda a importância da participação dos leigos com a valorização dos
leigos e a ênfase no “ir ao povo”. Nesta linha, o Prof. Sergio Coutinho, da
Comissão do Laicato, chamou atenção para a correlação dos resultados do Censo de
IBGE com os dados da pesquisa do CERIS. Houve um crescimento no número das
paróquias, aumento dos números dos párocos, ampliação do quadro dos diáconos.
Insistiu na importância das comunidades eclesiais de base com uma séria
“desideologização” dessas expressões legítimas da vida da Igreja.
“Nós
corremos o risco de fazer boas análises sem que isso reflita na pastoral
considerando também o aprofundamento da realidade local” - lembrou Dom Sergio da
Rocha, arcebispo de Brasília (DF) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral
para a Doutrina da Fé. “Formar cristãos de verdade” é o grande objetivo da
evangelização e isso, certamente, refletirá nos números. Dom Pedro Brito,
arcebispo de Palmas (TO) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os
ministérios ordenados, considera importante a formação de missionários leigos
nas comunidades. Dom Sergio Braschi, bispo de Ponta Grossa (PR), Presidente da
Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária, realçou a valorização dos
diáconos.
Dom Dimas Lara Barbosa, arcebispo de Campo Grande (MS) e
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação destacou a
iniciativa da setorização das paróquias, comunidade de comunidades, porque
considera que essa urgência “puxa” todas as outras apresentadas pelas Diretrizes
Gerais da Ação Evangelizadora.
Dom Eduardo Pinheiro, bispo auxiliar de
Campo Grande e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral reforçou a eficácia das
iniciativas da setorização das paróquias e também lembrou que a peregrinação da
cruz e do ícone de Nossa Senhora está dando um recado claro por parte dos
jovens: “nós estamos aqui!”. No âmbito de todas essas considerações, segundo
Padre Sidnei Marcos Dornelas, assessor da Missão Continental, há uma integração
entre os apelos da Nova Evangelização, os apelos do CELAM e as Diretrizes Gerais
da CNBB.
Fonte: Rádio Vaticano
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