segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Artigo: Sabedoria

Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros
 
A sabedoria pode ter muitas especificações. Uma delas é a provinda de Deus, já inerente à natureza humana de muitos que a cultivam de modo a obterem frutos bons para si e também para os outros. Se os saberes humanos fossem cultivados a partir desse dom divino teríamos mais discernimento para o uso da inteligência e das coisas materiais. Há quem julgue ser sábio porque, espertamente, sabe administrar ou até ludibriar os outros e, assim, fica rico de coisas materiais. Há também quem relativize o que é material para saber viver com menos riqueza, ou até só com o necessário para viver dignamente e promove o bem, a justiça e a equidade para o semelhante. Este usa a sabedoria, experimentando a vida com o sentido mais elevado da solidariedade e do amor ao semelhante, conforme o texto bíblico: “Preferi a sabedoria aos cetros e tronos e, em comparação com ela, julguei sem valor a riqueza; a ela não igualei nenhuma pedra preciosa... todo o ouro do mundo é um punhado de areia” (Sabedoria 7,8.9).
 
Viver com o tino de justiça, de parcimônia e da busca de sentido na vida, é próprio de quem é convicto de que tudo passa na vida. O que permanece é o amor e o bem realizado aos outros e a toda a comunidade. A pessoa desse naipe desenvolve os próprios dons para potenciar o equilíbrio das pessoas e da natureza. Não se omite em colaborar com causas de serviço ao bem comum, a partir da família, da comunidade e da sociedade.
 
Tudo realiza para melhor servir, na perspectiva do Filho de Deus.
 
Precisamos superar a ganância e a desonestidade com o convencimento de que a pessoa vale não é porque tem tanta terra, casa e outros bens materiais, Vale sim porque tem a sabedoria de usar a oportunidade que Deus dá a cada um para ajudar as pessoas e toda a sociedade a encontrar um caminho de justa relação e verdadeira promoção em sua dignidade. Os baluartes da história jamais são os que possuem bens materiais nem fama por sua ostentação social e sim os benfeitores da humanidade, dos pequenos, dos deixados de lado no convívio social justo. Figuras como Gandhi, Luther King, Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, D. Helder Câmara, D. Luciano Mendes e tantos outros deram de si por causas elevadas da humanidade.
 
A pessoa cheia do dom da sabedoria divina somente pensa em atuar para beneficiar o semelhante.
 
Jesus é o modelo de todos. Doou-se para nos dar base de sustentação em nossa dignidade de imagens e semelhanças de Deus. Sua sapiência nos dapresenta o sentido para vivermos com a missão de só buscarmos a realização do projeto divino. A caminhada terrestre é muito importante, mas com a missão de cada um em cooperar para a promoção da vida e da dignidade de todos, a partir dos mais fragilizados na convivência humana.
 
A sabedoria como dom divino, em vista do serviço ao semelhante, move a pessoa a perceber-se olhada e amada por Deus. Por isso, ela jamais vai querer usar esse dom para distorcer o sentido da vida, da justiça e da fraternidade. Ao contrário, vai esmerar-se progressivamente para tentar fazer o melhor de si na direção de tornar o convívio com os outros de modo sempre mais humano.
 
Fonte: CNBB

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