Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá (PR)
Arcebispo de Maringá (PR)
Diante da condição do envelhecimento
humano acompanha o medo de ser inútil, de se tornar um peso, de viver abandonado,
na solidão das ausências daqueles que amamos. Nada mais decepcionante do que
chegar ao fim e ter a sensação de que não valeu a pena ter vivido. A vida é um
jogo de amor e dor.
Ninguém vive sem amar. Amando fazemos
da vida uma constante superação do humano, inclusive da dor, que amada e
assumida como própria, se transforma em amor. Como se preparar para viver a
complicada sensação de inutilidade? Não existe receita pronta e sim caminhos
que durante o passar dos anos vamos aprendendo a percorrer. Nesta escola da
vida nem sempre estamos preparados para aprender as lições que a inutilidade
nos prepara.
É difícil aceitar o delicado tempo da
inutilidade. É preciso viver com dignidade esse terreno perigoso, mas
necessário de sentir-se inútil. Uma graça a pedir a Deus é que, quando chegar a
velhice e perdermos a utilidade, que tenhamos alguém ao nosso lado que nos ame
de verdade.
Só será capaz de amar aquele que
depois da inutilidade descobrir o valor da velhice. Nunca seremos valorizados
pelo que fazemos e sim pelos que somos. Ninguém, mesmo que tenha construído os
mais belos edifícios, escrito as mais belas obras literárias, ter deixado o
acervo cultural mais importante, vai ser amado pelo que fez e sim por aquilo
que é. O valor não se conquista, ele existe, e por ele vale a pena viver.
Quanto tempo perdido atrás de coisas,
de superficialidades, de aparências e máscaras acobertando o que de mais belo
possuímos: a capacidade de amar, mesmo na inutilidade da vida. “A cada dia que
vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos,
nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca” (Carlos
Drumond de Andrade).
De que adianta ganhar o mundo, quando
perdemos a eternidade. O eterno só existirá se formos abertos em acolher no
difícil terreno da vida, o valor e não utilidade. Será digno da eternidade
aquele que for capaz de dizer: “Você não serve para nada, mas eu não sei viver
sem você” (Padre Fábio de Melo).
O Mestre Jesus em tom de despedida entrega uma nova lei, resumo de todas as leis: “Eu dou a vocês um mandamento novo: amem-se uns aos outros. Assim como eu amei a vocês, vocês devem amar uns aos outros. Se vocês tiverem amor uns para com os outros, todos reconhecerão que vocês são meus discípulos” (Jo 13,34-35).
O Mestre Jesus em tom de despedida entrega uma nova lei, resumo de todas as leis: “Eu dou a vocês um mandamento novo: amem-se uns aos outros. Assim como eu amei a vocês, vocês devem amar uns aos outros. Se vocês tiverem amor uns para com os outros, todos reconhecerão que vocês são meus discípulos” (Jo 13,34-35).
Queira Deus de que ao chegar ao fim,
sem ser útil e completamente alheio do momento presente, tenha alguém que seja
capaz de nos olhar e dizer: Eu te amo, conte comigo, não sei viver sem você.
Envelhecer sim, mas nunca perder o valor.
Fonte: CNBB
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