Dom Paulo Mendes
Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Arcebispo de Uberaba (MG)
O contexto da paixão e
da morte de Jesus na cruz, seguido do fato do sepulcro ter sido encontrado
vazio, provocou uma situação de extrema confusão, de incertezas e expectativa
de esperança. Ele tinha ressuscitado ou não? Era o sentimento que perpassava na
mente dos discípulos, que esperavam um fim diferente para o Mestre.
O melhor intérprete
das realidades é o tempo. Aos poucos Jesus foi confirmando estar vivo,
ressuscitado e presente no meio das comunidades. Ele foi aparecendo em diversas
ocasiões na vida dos discípulos, principalmente quando estavam reunidos. Jesus
dá-se a conhecer, mas Tomé, um dos discípulos, disse que acreditava, vendo.
Tomé não aceitou o
testemunho dos apóstolos, porque não estava presente quando Jesus apareceu para
o grupo. A fé é dom de Deus e fundamentada no mistério da ressurreição. Os
apóstolos testemunharam que o Ressuscitado era o Crucificado, que venceu a
morte trazendo a vida, passando a viver além do tempo e do espaço.
Sendo confirmados na
fé, diz a bíblia que Jesus soprou sobre os discípulos (Jo 20, 22). Com isto
estava expressando a ideia de uma criação renovada. É a vida que surge do sopro
de Javé (Gn 2, 7), dando às pessoas a condição de dignidade humana e divina. É
um sopro de vida que significa missão na construção do Reino de Deus.
A ação dos discípulos,
nos primeiros tempos da Igreja, revela o mistério da presença do Espírito Santo
na vida das comunidades cristãs. Conforme os dizeres do livro dos Atos dos
Apóstolos, o anúncio da Palavra e o testemunho de fé dos cristãos,
especialmente dos apóstolos e dos discípulos, realizavam sinais surpreendentes
na vida das pessoas e das comunidades.
A ressurreição de
Jesus inaugurou o início dos novos tempos, não tendo chegado ainda na sua
plenitude. Caminhamos sob a força da esperança, sendo felizes crendo sem ter
visto, porque confiamos nas testemunhas da ressurreição de Cristo, com quem
devemos ter um encontro pessoal e íntimo através de nossa vida espiritual e
convivência no relacionamento comunitário.
Fonte: CNBB
Nenhum comentário:
Postar um comentário