sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Eucaristia: fonte e cume da vida cristã

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará
Na quinta-feira Santa, estando para ser entregue, Jesus instituiu a Eucaristia, Sacramento de Amor. Era a última Ceia e a primeira Missa!
Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim e lhes deu presentes inestimáveis: o Mandamento do Amor, testemunhado no Lava-pés, a Eucaristia e o Sacerdócio. Aos seus Apóstolos e aos Bispos e Sacerdotes chega o mandato de serviço ao Povo de Deus: "Fazei isto em memória de mim". E a Igreja, depois da grande Festa de Pentecostes, recorda sua fé na Trindade Santa e Indivisa, celebrará dentro de poucos dias o Coração Misericordioso de Jesus e, no dia de Corpus Christi, reuniu-se alegremente para a Eucaristia solene e para a Procissão do Triunfo Eucarístico.
A celebração eucarística acompanha a Igreja desde seus primórdios. De fato, os primeiros cristãos "eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações" (At 2, 42). Fração do Pão, porque este rito, próprio da refeição dos judeus, foi utilizado por Jesus quando abençoava e distribuía o pão como chefe de família, sobretudo na última Ceia. É por este gesto que os discípulos o reconhecerão depois da sua ressurreição e é com esta expressão que os primeiros cristãos designarão as suas assembleias eucarísticas. Querem com isso significar que todos os que comem do único pão partido, Cristo, entram em comunhão com ele e formam um só corpo nele.
A riqueza inesgotável deste sacramento exprime-se nos diferentes nomes que lhe são dados. Cada um destes nomes evoca alguns dos seus aspectos. Chama-se: Eucaristia, porque é ação de graças a Deus. As palavras "eucharistein" (Lc 22, 19; 1 Cor 11, 24) e "eulogein" (Mt 26, 26; Mc 14, 22) lembram as bênçãos judaicas que proclamam - sobretudo durante a refeição - as obras de Deus: a criação, a redenção e a santificação. É Ceia do Senhor, porque se trata da ceia que o Senhor comeu com os discípulos na véspera da sua paixão e da antecipação do banquete nupcial do Cordeiro na Jerusalém celeste. Assembleia eucarística ("s naxis"), porque a Eucaristia é celebrada em assembleia de fiéis, expressão visível da Igreja. É o memorial da paixão e ressurreição do Senhor, Santo Sacrifício, porque atualiza o único sacrifício de Cristo Salvador e inclui a oferenda da Igreja; ou ainda Santo Sacrifício da Missa, "Sacrifício de louvor" (Hb 13, 15), Sacrifício espiritual, Sacrifício puro e santo, pois completa e ultrapassa todos os sacrifícios da Antiga Aliança. Este Sacramento é a Santa e Divina Liturgia, porque toda a liturgia a Igreja encontra o seu centro e a sua expressão mais densa na celebração deste sacramento; no mesmo sentido se lhe chama também celebração dos Santos Mistérios. Fala-se igualmente do Santíssimo Sacramento, porque é o sacramento dos sacramentos. E, com este nome, se designam as espécies eucarísticas guardadas no sacrário. Comunhão, pois é por este sacramento que nos unimos a Cristo, o qual nos torna participantes do seu corpo e do seu sangue, para formarmos um só corpo; chama-se ainda as Coisas Santas ("tà hágia"; "sancta") - é o sentido primário da "comunhão dos santos" de que fala o Símbolo dos Apóstolos - , Pão dos anjos, Pão do céu, Remédio da imortalidade, Viático... Enfim, Santa Missa, porque a liturgia em que se realiza o mistério da salvação termina com o envio dos fiéis ("missio"), para que vão cumprir a vontade de Deus na sua vida quotidiana (Cf. para os nomes do Sacramento o Catecismo da Igreja Católica 1328-1332).
Quando rezamos o Pai Nosso, pedimos o pão de cada dia, não só o alimento para o corpo, mas o alimento da alma, o Pão da vida, o Pão que desce do Céu, para que quem dele comer não morra, mas tenha a vida eterna. Jesus prometeu, no Evangelho de São João, a Eucaristia (Cf. Jo 6, 51-58). O realismo de suas palavras é tão forte que exclui qualquer interpretação que se queira fazer em sentido figurado. O efeito mais importante da Sagrada Eucaristia é a íntima união com Jesus Cristo. Na comunhão Cristo se dá a si mesmo! Não cabe uma interpretação simbólica, como se participar da Eucaristia fosse apenas uma comparação e não um comer e beber realmente o Corpo e Sangue de Cristo! Se em todos os sacramentos, por meio da graça que nos conferem, se consolida nossa união com Jesus, ela é mais intensa na Eucaristia, pois recebemos não somente a graça, mas o autor da graça. Somos elevados à comunhão com ele e com os irmãos e irmãs. Justamente por isso, é na Eucaristia que a Igreja realiza de modo pleno sua unidade!
Mas a festa de Corpus Christi foi instituída no dia 11 de agosto 1264 pelo Papa Urbano IV, para oferecer aos fiéis os ensinamentos, o reconhecimento e o culto da presença real de Jesus Cristo na Eucaristia. Dali para frente sua celebração se espalhou pelo mundo inteiro. A Bula "Transiturus de hoc mundo", de Urbano IV, trouxe a inspiração para a Procissão de Corpus Christi, com a qual se estende a celebração eucarística da Solenidade: "o povo corra cheio de afeto para as Igrejas e alegremente, junto com o clero, elevem-se cânticos de louvor, os corações e os votos sinceros, com a boca e com os lábios, cantem a alegria da salvação, salmodiem a própria fé, exulte a caridade, aplaudam com devoção, rejubile-se a retidão e a pureza e todos se rejubilem".
Com tais sentimentos, a Arquidiocese de Santa Maria de Belém do Grão Pará celebrou jubilosa a Solenidade do Corpo e do Sangue do Senhor e iniciou sua caminhada de preparação para o XVII Congresso Eucarístico Nacional, a ser celebrado aqui de 15 a 21 de agosto de 2016, quando Belém será Capital Eucarística do Brasil, no ano do quarto centenário da cidade e do início da Evangelização da Amazônia.
Fonte: Portal UM

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