segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Artigo Enganação programada

O que passo a fazer muito me contraria. Minhas reprovações não são aplicáveis a comunidades cristãs sérias, fora do seio da Igreja, que detestam a mentira, e estão revestidas de sinceridade.
Tais fiéis estão em comunidades, vivendo a tranqüilidade da boa fé. Não os importunarei, por terem retas intenções. A minha indignação se volta para aqueles grupos pseudo-cristãos, que praticam o estelionato religioso, e para quem os fins justificam os meios.
O falso pudor ecumênico que vá às favas! Entre nós pululam tais agrupamentos, cujos próceres tem um objetivo, nem sempre bem consciente, mas real: criar uma comunidade com número suficiente de membros, para possibilitar o pagamento do dízimo. Isso garante uma tranqüila sustentação econômica. Para alcançar isso não se conhecem escrúpulos, nem se poupam milagres forjados, nem curas provindas da pura sugestão. “Abomino e detesto a mentira”  (Sl  119, 163).
Tais “seitas” (elas o são) convencem o povão de que Jesus paga todas as dívidas; cura qualquer doença; tem sempre altos empregos reservados para seus amigos; os seus fiéis vão ser todos ricos; espanta espetacularmente qualquer demônio. Mas sob duas condições: deve se batizar naquela nova religião, e...pagar generosos dízimos. Mais dinheiro cai, mais milagres acontecem.
De dez “curas” que se apresentam, umas oito, seguramente, qualquer psicólogo (ou policial) desmascara como pura sugestão, ou como estelionato. Nós católicos somos as vítimas preferidas de tais “evangelizadores”. Por quê? Somos por demais ingênuos, por crer na sinceridade dos outros. Basta uma família receber duas visitas domiciliares desses propagadores de confusões, que já começa a quebrar os crucifixos e as imagens. “Não os recebais em vossas casas, nem os cumprimenteis” (2 Jo 10). Com essa orientação São João quis orientar os cristãos do seu tempo a não puxarem prosas com esses arautos da desunião entre os cristãos.
Dom Aloísio Roque Oppermann, scj
Arcebispo de Uberaba - MG
Fonte Portal UM

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