segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Quando seu amor salva o outro

por Padre Juarez de Castro

Teses, estudos, tratados, livros e sermões já foram escritos sobre o amor. Porém, até agora ninguém chegou a um consenso capaz de traduzir essa sensação. Mesmo assim, em nome dela as pessoas cometem loucuras. Já presenciei quem declarasse a grandeza de seus bons sentimentos pelos outros e ouvi discursos emocionados sobre o quanto devemos amar alguém em situação de sofrimento. No entanto, também vi seres muito amados não terem suas vidas modificadas. Já vi casais apaixonados celebrarem suas bodas de madeira, prata, rubi, ouro… E, apesar disso, estarem tristes e cansados.
Dá para acreditar em quem ama com a boca e esbofeteia com a mão? Claro que não! O amor não acontece num passe de mágica, não surge logo após uma jura romântica. Embora renda belos poemas, essa percepção tão avassaladora não é simples poesia. Como não se trata de palavra solta, não deve ser repetida à toa – sob o risco de se tornar banal! Não se trata de emoção declarada em meio a um discurso cheio de lágrimas, desfiando as misérias e mazelas dos irmãos sofredores. Amor não é letra morta numa carta capaz de prometer romance eterno.
Mas, enfim, ele é tão somente um sentimento? Será suficiente gritá-lo aos quatro ventos para que surja? O amor é o que o amor faz, realiza, concretiza… Ou seja, torna os sonhos palpáveis. A emoção verdadeira materializa aquilo que as palavras simplesmente dizem. Por isso, mantê-la apenas no mesmo nível do verbo significa rebaixá-la.
Jesus já afirmava: “Não é aquele que diz Senhor que entrará no Reino, mas o que pratica a minha Palavra”. Logo, o discurso não muda a história. Mas a prática dele é capaz de transformar a realidade. Não basta declará-lo, é preciso transformá-lo em gestos e atitudes.
Insisto: não adianta apenas fazer juras ao seu marido ou esposa. Antes, é necessário demonstrar isso na presença, na cumplicidade e no perdão. Não é válido só dizer que ama sua família se isso não se traduzir em atitudes de responsabilidade, carinho e respeito. Não basta dizer que ama um sofredor se a sua maneira de sentir é incapaz de se transformar numa atitude concreta de quem estende a mão para ajudar.
Amar é fazer o afeto acontecer na prática! Como? Indo ao encontro da dor do outro, permanecer ao seu lado. Ama de verdade quem corrige para colocar no caminho certo e quem se suja de lama para tirar o barro daquele que se quer bem.
Ele não pode se resumir a uma sensação, como um rápido arrepio na espinha, uma lágrima que corre ou uma carta apaixonada. Devemos permitir que ele faça mais! Afinal, foi com o amor que Deus criou o mundo. Assim, ao amarmos devemos criar um mundo verdadeiro e cheio de gestos concretos.
Não permita que a força criativa desse sentimento se perca como palavras soltas ao vento ou aprisionadas em poesias e canções. Transforme o amor em grandes atitudes. Pois do contrário não passaremos da mera intenção, não alcançaremos seu verdadeiro sentido e jamais o viveremos intensamente.
Fonte: Revista Viva Mais

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