segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A História de Nossa Senhora Aparecida

Não é possível imaginar a vida no Brasil colonial sem a presença da Igreja Católica. Desde as primeiras viagens de exploração das terras brasileiras os navegadores portugueses vinham acompanhados de padres, principalmente jesuítas.

O apego dos brasileiros à Virgem Maria, em especial a Nossa Senhora da Conceição, veio da tradição portuguesa, que foi reforçada em 1646, quando o rei D. João IV a declarou padroeira de Portugal, fa zendo com que Nossa Senhora da Conceição estivesse sempre presente nos oratórios familiares.

No século XVIII, o Brasil colonial não era dividido ainda em Estados mas em capitanias.

A vila de Guaratinguetá, local onde foi achada a imagem de Nossa Senhora, pertencia à capitania de São Paulo e Minas do Ouro (correspondente hoje aos Estados de São Paulo e Minas Gerais).

Três pescadores da região de Guaratinguetá – Domingos, João e Filipe – na manhã do dia 17 de outubro de 1717 recolheram em sua rede de pesca o corpo de uma santa feita de barro escuro. Como o corpo estava sem a cabeça, os pescadores resolveram jogar novamente a rede nas águas do rio Paraíba. Ao ser puxada, a rede trazia consigo a cabeça da santa.

Ao unirem o corpo e a cabeça, os pescadores reconheceram-na como sendo Nossa Senhora da Conceição. Muito provavelmente, a santa deve ter caído de alguma embarcação que por ali passara tempos atrás.

A pequena santa – de 40cm de altura e pesando 2,5kg – tinha as mãos postas em oração, um sorriso que quase deixava entrever os dentinhos, uma covinha no queixo, flores em relevo nos cabelos e um olhar doce e protetor. E, além de tudo, a pequena Nossa Senhora era negra.

Como surgiu repentinamente na rede dos pescadores, a santa passou a ser chamada pelo povo de Nossa Senhora “Aparecida”.

A notícia do “aparecimento” súbito da Virgem Maria negra logo percorreu a região de Guaratinguetá. No início os curiosos iam até a casa do pescador Filipe Pedroso, que foi quem conservou a imagem da santa por cerca de 15 anos. A santa, nesse tempo, ficava num oratório doméstico no casebre do pescador. Ao redor desse pequeno oratório os vizinhos de Filipe passaram a se reunir todos os sábados, para rezar o terço e cantar ladainhas.

Já velho, Filipe entregou a santa aos cuidados do filho, Atanásio Pedroso. Como o número de visitantes crescia sem parar, Atanásio construiu uma pequena capela para a santa.

E foi num humilde altar de paus, numa capelinha modesta em Itaguaçu que a Virgem Aparecida foi entregue para a adoração do povo.

Durante um sábado de orações na capelinha, um fato surpreendente aconteceu: diante de todos os fiéis, sem que houvesse vento ou correntes de ar, as chamas das velas colocadas sobre o altar da Virgem se apagaram. Todas juntas. Logo em seguida, as velas reacenderam sozinhas, assim como haviam apagado: todas ao mesmo tempo.

Quem presenciou a cena não teve dúvida – acabara de acontecer um milagre. O milagre das velas.

Tempos depois, outro milagre: um escravo fugido de nome Zacarias, que havia sido capturado, pediu a seu dono que o deixasse rezar diante da imagem da santa. Lá chegando, o senhor pôde assistir ao comovente pedido do negro à Virgem Aparecida por piedade e proteção. Instantaneamente as correntes que prendiam Zacarias romperam-se inexplicavelmente. O dono de Zacarias na mesma hora concedeu a liberdade ao negro. Esse fato ficou conhecido como o milagre das correntes.

A santa fez também com que uma pequena garota cega passasse a enxergar. Era o ano de 1850, e uma garotinha cega de Jaboticabal pediu à mãe para que a levasse para beijar a imagem da santa. Quando mãe e filha estavam às margens do rio Paraíba a menina exclamou:

“Como é linda a capela de Nossa Senhora Aparecida!” Sem qualquer explicação, a menina passou a enxergar.

O milagre das velas e as primeiras graças concedidas pela Virgem Aparecida logo fizeram com que a capela de Itaguaçu se tornasse pequena demais para tantos fiéis.

O novo local para a construção da igreja dedicada à Virgem Aparecida foi o Morro dos Coqueiros. A primeira igreja construída ali foi feita de taipa. A inauguração se deu em 26 de julho de 1745. Não demorou muito e a igrejinha do Morro dos Coqueiros passou a ser conhecida como Capela de Aparecida.

Aos poucos, os romeiros começaram a trazer para a Virgem objetos pessoais, roupas, velas, mensagens e, mais tarde, fotos. Tudo isso foi sendo colocado num cômodo que acabou dando origem à Sala das Promessas.

As primeiras romarias e a devoção a Nossa Senhora Aparecida alcançaram tamanha força que, mais uma vez, não havia como abrigar tantos fiéis na pequena igreja de taipa. Era preciso que ela fosse ampliada.

A reforma teve início em 1845, e foram tantas as obras de ampliação que uma nova igreja acabou surgindo no mesmo local. De estilo barroco, com torres de pedra, altar-mor em márm ore e muita madeira, ela foi inaugurada em 24 de junho de 1888.

Personalidades do Império brasileiro visitaram a igreja da Virgem Aparecida. D. Pedro I visitou a santa quatro dias antes de proclamar a Independência, em 1822. A Princesa Isabel, em 1868, visitou a santa e a presenteou com uma coroa de outro e diamantes.

Em 1904, por determinação do papa Pio X, Nossa Senhora Aparecida passou a usar a coroa de ouro e diamantes que em 1868 havia ganhado da Princesa Isabel.

A devoção à santa fez com que a região em que se localizava a igreja de Nossa Senhora Aparecida crescesse enormemente. E, em 1928, surge a cidade de Aparecida, que se desvinculara do município de Guaratinguetá.

Em 1929, no jubileu de 25 de coroação da santa, a massa de fiéis já declarava Nossa Senhora Aparecida “padroeira do Brasil”. A oficialização desse título, porém, deu-se em 1930, por determinação do papa Pio XI.


Fonte: Site Igreja Católica

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