sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Artigo: Profeta, personagem incômodo

Há quem diga que os profetas de outros tempos davam esperanças ao povo e forças para amar e viver em fraternidade, para superar a mentira e a opressão, para ser livre e responsável. Dizem ainda que, agora já não encontramos mais os profetas ao nosso lado. Onde estarão eles?
De fato, para o cristão, o profeta já não está entre nós. Não há outro profeta além de Jesus. E todos os demais que, de alguma forma, recebam esse nome o farão por referência a Ele. Jesus carrega consigo essa autoridade que define o profeta. Trata-se de uma autoridade que não nasce da violência, nem da força, mas do Espírito que possui o profeta; autoridade que foi reconhecida sem que houvesse dúvida a respeito, pelos moradores de Cafarnaum, quando viram a forma como Jesus havia libertado aquele homem possuído por um espírito impuro, e o tinha devolvido a seu ser, à liberdade. Jesus ensinava com autoridade e não como os letrados. Aí está a diferença entre o profeta e o professor. Este segundo ensina aquilo que estudou. Nada mais faz além de repetir, talvez de uma maneira melhor ou mesmo inovadora, aquilo mesmo que já foi dito anteriormente. É possível que fale sobre algo novo, mas isto é fruto do seu esforço.

O profeta, pelo contrário, é inspirado, iluminado, conduzido e dominado pelo Espírito de Deus e comunica-se de uma forma nova. E o povo que o escuta sente que o que diz penetra bem fundo dentro dos seus corações. E, quando chega, torna são e cura, liberta e reconcilia, dá a vida para sempre. Esse é o sinal mais claro de que o profeta é autêntico: quando suas palavras e seus atos são fonte de vida para aqueles que se encontram com Ele.

Jesus é o profeta. E permanece vivo entre nós. Sua palavra continua ressoando como um eco em nossas igrejas, na Bíblia que temos em nossa casa e na qual meditamos e oramos com a Palavra; na vida de tantos homens e mulheres que se comprometeram a ser seus discípulos, a seguir suas pegadas como sacerdotes, como pessoas casadas, solteiras e religiosas. Jesus é o nosso profeta. E muitos cristãos, homens e mulheres de boa-fé são profetas de Deus. Com sua vida anunciam o Deus da vida. Não há por que sentir angústia. É preciso abrir os olhos para descobrir os testemunhos da vida e a libertação ao nosso redor.

Talvez a figura do profeta incomode aqueles que se preocupam mais com o ter do que o ser, não importa. É muito cômodo ficar de braços cruzados, mas o cômodo não é o bom. Jesus veio para incomodar, porque, se nos acomodarmos não conheceremos o mundo maravilhoso que Deus preparou para nós.

Pe. Wagner Augusto Portugal
Vigário Judicial da Diocese da Campanha - MG

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