segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Escreva sua história a lápis

por Padre Juarez de Castro

Prefiro o lápis à caneta. Gosto da sensação de escrever com ele. A maciez, o traçado e até o barulho do lápis ao deslizar na folha me agradam. Gosto daqueles que têm borracha. Assim, se erro, imediatamente corrijo com uma manobra ágil que desenvolvi: viro o lápis com a destreza de um cirurgião e a rapidez de um ninja e, então, apago o erro e escrevo certo.
Não gosto de caneta, pois sua escrita é fria. Ela não é macia, aliás, nem consigo escutar aquele barulhinho da ponta que roça a folha. Já me disseram que a sensação de escrever usando uma caneta tinteiro com pena é muito boa. Experimentei, mas não gostei. Gosto do lápis!
Quando escrevo usando caneta, se erro, não posso apagar. Risco e rabisco por cima do erro cometido, mas ele fica lá: um erro debaixo dos rabiscos. Ele não foi apagado, só ficou escondido. Gosto de lápis porque me dá condições de apagar e começar de novo, sem nenhum rabisco camuflando os erros.
A nossa vida também deve ser escrita a lápis e não à caneta. Quando nascemos, Deus nos dá a vida como se ela fosse uma folha de papel em branco para ser preenchida com gestos, atos, sonhos e projetos do nosso coração. Então, vamos escrevendo nossa história.
No entanto, tem gente que teima em escrever sua história com caneta e, por isso, não se permite errar ou recomeçar. Depois de cada erro cometido, volta e rabisca, tapando-o como se ele pudesse deixar de existir. Não recomeçou, não perdoou e nem se perdoou!
São assim aqueles que pensam que não podem reescrever a sua história. Ora, errar faz parte da nossa condição humana. Não há nenhum problema em errar: o problema é não ter coragem de admiti-lo e corrigi-lo para começar de novo. Recomeçar a partir dos erros cometidos é uma atitude sábia, de quem quer ser cada dia mais feliz. O santo não é aquele que não comete pecado, mas aquele que peca e tem humildade para reconhecer seu pecado, para pedir perdão e recomeçar.
Não adianta lamentar o erro cometido ou desenvolver culpas e remorsos. É necessário ter uma atitude madura e consciente em reconhecer o erro para aprender com ele, apagá-lo de sua vida e recomeçar olhando para frente. Isso mesmo: olhar para frente!
Se Deus quisesse que olhássemos para trás nos teria dado olhos nas costas. Mas não. Somos convidados a olhar adiante sem choramingar pelo leite derramado. Se o leite está derramado, deixe-o assim. Preocupe-se com o outro leite para que ele não derrame mais lá na frente.
Escreva sua história com lápis. Você poderá apagar, a qualquer momento, o erro com a borracha do perdão e do amor e recomeçar uma nova história. Quem escreve sua vida com caneta sofre porque pensa que não pode corrigir e recomeçar. Rabisca na tentativa de esconder o erro e sufoca o passado, pois sofre ao voltar para aquilo que não foi eliminado. Quem escreve a lápis sabe que, tentando, pode errar. E, se errar, pode recomeçar sem dores e ressentimentos.
A vida não pode ser vivida sobre erros mal resolvidos, culpas e perdões não concedidos. Deve-se vivenciá-la olhando para frente, com atitudes maduras, com perdão dado e recebido e a confiança no Deus que habita em você.
Já dizia o poeta: “… a vida é bonita, é bonita e é bonita”. Então, deixe-a mais bonita escrevendo com perdão e amor.
Fonte Revista Viva Mais

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