segunda-feira, 5 de março de 2012

Artigo Padre Juarez: A melhor arma contra a solidão

Por Padre Juarez de Castro
O abraço é a forma plena de dizer a alguém o quanto você o ama. Logo, envolver uma pessoa querida com os braços significa pronunciar, de maneira silenciosa, o quanto a queremos bem. O mesmo acontece ao sermos abraçados por quem nos deixa à vontade, pois nos permitimos aceitar o afago sem nos preocuparmos com qualquer outra conotação possivelmente atribuída ao carinho. Esse simples gesto traz o outro para dentro do coração. Então, por que ele tem se tornado artigo cada vez mais raro? Por que as pessoas não se envolvem mais com tanta facilidade?
Lembro-me de que Jesus abraçava as criancinhas e fazia questão de tocar no cego, na filha de Jairo, na sogra de Pedro… Ele conhecia a importância do contato físico e o quanto o toque sincero e amoroso funcionava como um poderoso remédio. Hoje, fico triste ao perceber como as pessoas se evitam, não se encostam e ainda buscam manter uma distância supostamente segura.
Enfim, os indivíduos tornaram-se caramujos: ao menor sinal de um possível toque se escondem dentro de seus caracóis, voltando-se desesperadamente para si mesmos. Assim, aos poucos, todos nós deixamos de lado o sorriso, o carinho e, claro, o abraço. Conclusão: o mundo fica cada vez mais doente. Em busca de uma possível cura, desenvolve novas pílulas e novos medicamentos sofisticados para conter a dor da alma, a tristeza. Pelo menos aparentemente, nada disso adianta. Afinal, o universo continua perdendo seus tons, ficando cada vez mais cinza e depressivo. Isso é o resultado evidente da ausência de ternura no mundo e nos gestos das pessoas. Talvez essa seja uma indicação de que ninguém quer mais se encontrar, a não ser pelas redes sociais como Facebook ou Twitter. Então, posso avaliar que o abraço se tornou uma prática escassa, algo apenas para os íntimos, desculpa-se a maioria das criaturas. Ledo engano! Tocar o outro serve, principalmente, para aproximar os que estão longe e ainda não são tão íntimos. Todo encontro vem seguido de um abraço. Justamente por isso, reencontrar alguém é tão gostoso.
Ao trocar presentes, você pode até não gostar do que ganhou, mas com certeza valeu a pena pelo toque recebido. Por falar nisso, sugiro o abraço como o melhor presente para este fim de ano. Você pode até comprar uma lembrancinha para simbolizar o Natal, porém jamais mande alguém entregá-la. Vá pessoalmente ao encontro da pessoa a ser presenteada. Use a troca material somente como uma desculpa para estar diante do outro e, então, oferecer e receber aquele abraço, trazendo-o para próximo de seu coração como quem tenta colocá-lo lá dentro. Abraçar é tocar coração com coração para que os dois batam juntos no mesmo compasso. Com o abraço, sentirá de perto o cheiro e a respiração do ser humano e, consequentemente, ele perceberá que não está sozinho. Afinal, vai se sentir protegido como quem é carregado no colo.
Neste Natal, abrace! Foi isso que o Menino Jesus, lá na gruta de Belém, nos ensinou. Se analisar o presépio com um pouco mais de atenção, perceberá que o menino nascido naquela estrebaria está de braços abertos esperando por você. Mais do que isso: ensinando-nos que, se tivermos um pouco mais ternura em nossas ações, o mundo poderá ser bem melhor. Receba meu abraço apertado e feliz Natal!
Fonte: Revista Viva! Mais

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