terça-feira, 24 de abril de 2012

Bispos do Brasil refletem sobre a Palavra de Deus na vida e missão da Igreja

A cerimônia de abertura da 50ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil (AG), no Centro de Eventos Padre Vítor Coelho de Almeida, em Aparecida (SP), foi realizada na manhã do dia 18 de abril.
Com a presença de 350 bispos e mais 72 pessoas que compõem os grupos de apoio, a Assembleia, que terminará no dia 26 de abril, tem como tema central: "A Palavra de Deus na vida e missão da Igreja".

O arcebispo de Aparecida e presidente da CNBB, Cardeal Dom Raymundo Damasceno, fez a saudação, e lembrou o primeiro encontro do episcopado na cidade de Belém (PA), em agosto de 1954. Discorreu sobre o caminho trilhado nessas últimas décadas, agradeceu a todos que prepararam o encontro e pediu a luz do Espírito Santo para a realização do encontro.
Durante a Assembleia estarão em pauta vários assuntos relevantes para a Igreja no Brasil. Os destaques são para os 50 anos do início dos trabalhos do Concílio Vaticano II e os preparativos para a Jornada Mundial da Juventude que será realizada no Rio de Janeiro, em julho de 2013.

Manhã de trabalhos

Aprovada a pauta da Assembleia, os bispos tiveram a primeira reunião de grupos, contando com o auxílio dos secretários executivos dos 17 regionais da CNBB.

Os bispos presentes na Assembleia em Aparecida representam as seguintes circunscrições da Igreja no Brasil: arquidioceses - 44; dioceses - 212; eparquias - 3; prelazias - 12; exarcado - 1; Ordinariado para os fiéis de Rito Oriental sem Ordinário próprio - 1; Ordinariado Militar - 1; Administração Apostólico Pessoal - 1.

A participação dos leigos na sociedade

Após acompanhar uma palestra sobre o Estado laico, dirigida pelo professor Fábio Comparato, doutor em Direito Internacional, os bispos discutiram o tema, ressaltando a importância da participação ativa dos leigos na sociedade.

Para que os cristãos leigos façam esta participação, Dom Angélico Sandalo Bernadino afirmou que é preciso formar a consciência do compromisso, especialmente pela promoção dos Direitos Humanos. “A preocupação com o capitalismo é legítima. Mas o fundamental é cuidar do cristianismo. O culto cristão não pode estar dissociado da libertação plena do ser humano.”

Nesta mesma linha, o arcebispo de São Paulo, Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, lembrou que muitas atitudes ou posições assumidas na sociedade são confundidas como posturas da Igreja. “Há uma dificuldade muito grande de aceitar a presença pública da Igreja e dos cristãos enquanto cidadãos.”

O Cardeal Dom Odilo Scerer recordou que a Igreja não tem problemas de conviver com o Estado laico. “É muito importante fortalecer o nosso laicato a ter uma presença cristã na sociedade, não como Igreja, mas como cidadãos”, concluiu Dom Odilo.

Conjuntura eclesial

Na tarde do dia 18 de abril, os bispos participaram de uma reflexão sobre a conjuntura eclesial. Para este momento, foi convidado para assessorar o professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, frei Luís Carlos Susin.

O teólogo inspirou-se nas celebrações do cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II. A respeito da pluralidade de interpretações de como se passou a entender o catolicismo, mostra como o Concílio não foi uma ruptura, mas a busca de uma resposta ao desmoronamento de um paradigma cultural: a dissociação entre fé e cultura. “Ele tirou a Igreja do gueto cultural insustentável”. Reafirmou também a importância de se recuperar este espírito pós-conciliar para as novas gerações.

Frei Susin também destacou como tem crescido a valorização da Bíblia na vida da Igreja, citando como exemplo a leitura orante da Palavra de Deus. Neste sentido, mostrou a importância da formação dos leigos e a direção da Igreja na interpretação da Palavra. “O clero sozinho não dá conta da evangelização”, afirmou.

Durante a sua exposição, Susin enfatizou o amadurecimento da colegialidade e da participação na Igreja, mas lembrou que é preciso avançar mais. O teólogo também percebe um crescente risco de voltar a uma sacralidade ainda pré-cristã, e como a Igreja deve estar atenta aos sinais dos tempos, respondendo ao desafio da ética e da secularidade.

Coletiva de imprensa

Na primeira coletiva de imprensa, no dia 18 de abril, estiveram presentes o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e Família da CNBB e bispo de Camaçari – BA, Dom João Carlos Petrini, o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Educação e Cultura e bispo auxiliar de Belo Horizonte, Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, e o bispo auxiliar do Rio de Janeiro Dom Antonio Augusto Dias Duarte.

Além do tema geral da Assembleia – “A palavra de Deus na vida e missão da Igreja” –, foram mencionados diversos assuntos, como o jubileu das Assembleias Gerais; as premiações da CNBB e os preparativos do Encontro Mundial de Universidades Católicas, que, este ano, será realizado no Brasil, em Belo Horizonte; a Jornada Mundial da Juventude (JMJ); as eleições municipais; dentre outros temas.

Dom Joaquim Geovani Mol foi questionado quanto à lei que torna obrigatório o ensino religioso nas escolas públicas do Brasil. O bispo explicou o mecanismo da lei, que não se aplica apenas à religião católica. “O aluno em uma sociedade plural, como a nossa, tem direito de conhecer a sua própria religião dentro da escola. Quem é católico, conhecimentos da religião católica, quem é evangélico, conhecimentos da religião evangélica, e assim por diante”, esclareceu.

Outro tema que entrou na pauta foi a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que aprovou o aborto de fetos anencéfalos. Os ministros entenderam que esses bebês são indivíduos natimortos, com morte cerebral. Os bispos presentes reafirmaram a posição da CNBB, ao argumentarem de forma contrária a decisão do Supremo.

“Uma cultura que vê na morte a solução de problemas, é uma cultura decadente”, disse Dom Petrini. Sobre o mesmo assunto, o porta-voz da AG, Dom Dimas, afirmou que a deliberação do STF “não alterou em nada a posição da CNBB”, e que os ministros tiveram uma “visão limitada da pessoa humana.”, concluiu.

Fonte: Potal UM

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