sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Artigo: Marcados

Dom José Alberto Moura, CSS
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros - MG
Gostamos de ver pessoas que marcam presença de boa qualidade na vida. São admiradas por uns e combatidas por outros. É o caso de Jesus e tantos outros que procuraram e procuram segui-lo. Não arredam pé de seus princípios, valores, idéias e ideais. Afinal, a vida vale para construir o bem conforme o humano ético e o divino humanizado. Só ou acima de tudo acumular bens, saberes, bem estar sensível e projeção pessoal é pouco para quem entende o sentido e a finalidade da existência outorgada por Deus.
No texto do Evangelho Jesus dá a grande lição das bem-aventuranças. Feliz de verdade é quem constrói comunidade, ajudando o semelhante a encontrar o caminho de sua dignidade. Felizes os que não se apegam às coisas materiais, colocando Deus como o valor absoluto na vida! Felizes os que se preocupam com a situação difícil do semelhante! Felizes os que tudo fazem para a promoção da paz, lutando pela justiça! Felizes os que se compadecem com os limites dos outros e sabem entender e perdoar seus erros! Felizes os que convivem com retidão de intenção e acreditam no bem, com a mente despoluída e sincera! Felizes os que realizam o bem, sem desanimar, mesmo recebendo críticas e não sendo entendidas em sua boa ação e intenção! Felizes os que demonstram sua grandeza de caráter, mesmo quando recebem ingratidões e armadilhas por parte dos que têm pequenez de intenção e de vida fingida! Vemos nas bem-aventuranças de Cristo a cartilha magna de quem quer marcar a história com atitude diferente do egoísmo (Cf. Mt 5, 1-12).
Santidade não é já viver sem defeito ou erro. É perseguir o ideal do Filho de Deus, tentando ser coerente com sua fé nele. É luta para vencer a tendência ao comodismo ou às desculpas descabidas de falta de compromisso com valores inerentes à vida e propostos pelo Criador. Há santos e santas que escreveram e escrevem a história com a caneta do amor, através da doação da própria vida em bem da promoção da vida, da dignidade humana e do cuidado com o planeta. São incansáveis em defender o bem de quem é mais fragilizado. Lutam por causas de bem da comunidade. Não medem esforços para que prevaleçam a justiça e o respeito a todo tipo de vida, a partir e sobretudo à humana. Não se conformam com a mentira, a desonestidade, a trapaça, à má política, ao desrespeito a quem é mais fragilizado. Cooperam, com a doação da própria vida e renúncia do próprio bem estar, para beneficiar o semelhante.
O texto do Apocalipse bíblico lembra o resultado da vida de quem levou a sério o “Não façais mal à terra, nem ao mar, nem às árvores, até que tenhamos marcado na fronte os servos do nosso Deus” (Apocalipse 7,3): “Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro”, ou seja, foram para a felicidade eterna com Deus! O que diríamos de quem vive para dar vida, dignidade e promoção do bem da humanidade com seus carismas aplicados nessa direção? Marcar a história com a vida para dá-la com seu sentido maior vale a pena para quem é esclarecido e assume um ideal que supera a busca de satisfação pessoal. Esta  firma-se apenas nas gratificações passageiras buscadas como finalidade absoluta!
A marca maior na vida da pessoa de retidão moral é a de Deus, que recompensa quem tudo faz em consonância com seu projeto de amor ao ser humano!
Fonte: CNBB

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