sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Um "viver juntos" europeu, visto por Herman Van Rompuy

Para uma economia "socialmente e humanamente" correta


O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, realizou um plaidoyer para um "viver juntos Europeu" e para uma economia "socialmente e humanamente" correta.

Van Rompuy teve na manhã do sábado 12 novembro uma conferência na Pontifícia Universidade Gregoriana (PUG) com o título "'Solitário - Solidário', que é a essência de um viver juntos na Europa", a presença do Cardeal Zenon Grocholewski, prefeito da Congregação para a Educação Católica e Chanceler da Universidade, Padre Adolfo Nicolás, SJ, Superior Geral da Companhia de Jesus, o professor Giovanni Maria Flick, presidente emérito do Tribunal Constitucional italiano - que evocou os 150 anos da unificação da Itália - e membros do Corpo Diplomático, incluindo o embaixador da França junto à Santa Sé, Stanislas de Laboulaye.

O presidente europeu foi recebido pelo reitor da "Gregoriana", o padre François-Xavier Dumortier, SI, que evocou a "coragem" necessária para os responsáveis políticos. "A coragem política requer muito do estadista, especialmente quando se trata ao mesmo tempo, de continuar este projeto apaixonante que é a construção de uma Europa mais solidária que seja uma terra de paz e justiça, e de encontrar, dia após dia, através de luzes e sombras da história atual, as formas e meios de convivência que tenha senso", disse o jesuíta.

O Presidente do Conselho Europeu sublinhou que a Europa "em permanente construção" está unida por valores baseados no amor – tendo se tornado a solidariedade "em nossos dias, muito institucional".

A Europa, como "projeto político" foi "a resposta à guerra, ao horror", ela "tem sido construída através da memória dos túmulos de milhões de inocentes", disse Van Rompuy. Hoje, no entanto admitiu, é de recear que ela possa cair no individualismo, cujo populismo e o nacionalismo são as expressões. O Presidente lamentou que por um lado o mundo "se humaniza porque, onde quer que seja, combate a pobreza”, por outro lado, “se despersonaliza porque o nosso destino se torna sempre mais dependente de um sistema financeiro capitalista desenfreado e sem ética". De acordo com Van Rompuy, hoje, há um "novo desafio" para acolher, ou seja aquele de "construir uma economia que chamaria de ‘socialmente e humanamente’ correta".

O Presidente do Conselho Europeu sublinhou a importância de respeitar a "pessoa". "Se, amanhã, a União Europeia, a comunidade dos povos europeus, deseja chegar, a nível global, a uma maior unidade no respeito da liberdade dos povos, ela deverá, sem dúvida, fundamentar-se no que é seu gênio, ou seja, sobre uma maior solidariedade de todos no respeito pela integridade de cada um", assim reiterou.

Para Van Rompuy, a famosa estratégia dos pequenos passos tão cara aos "pais" da Europa, não perdeu sua relevância. A essência de uma Europa em construção não reside "em um espírito de conquista, à maneira de Carlos Magno, Carlos V ou de Napoleão", mas "em pequenos passos tomados todos os dias", porque "na ausência de grandes sonhos, impossíveis de alcançar, nós tentamos, e repito ‘tentamos’, manter políticamente, diplomáticamente e economicamente a Europa sobre os trilhos e, para o bem de todos, a fazer avançar o trêm conduzindo-o para uma vida melhor, um melhor viver em comum”.

No início de sua palestra, Van Rompuy citou o vocábulo "Europa" da famosa Enciclopédia de Diderot e D'Alembert: "Não importa que a Europa seja a menor parte das quatro partes do mundo por extensão territorial, porque é a mais significativa de todas pelo seu comércio, suas navegações, pela criatividade, as luzes e a operosidade dos seus povos, pelo conhecimento das artes, das ciências, dos mistérios, e o que é mais importante, pelo Cristianismo cuja moral da caridade tende só ao bem-estar da sociedade".

Anita S. Bourdin

Fonte: Zenit

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