Dom Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Durante o mês de junho as festas
juninas fazem parte da vida do nosso povo. Junto com os festejos populares é
muito importante celebrar a vida dos santos que são homenageados. A vida dos
santos nos inspira a darmos passos com generosidade na vida cristã e levarmos
adiante, com coragem, o seguimento de Jesus Cristo.
Iniciamos com o dia 13 de junho,
quando a Igreja faz memória de Santo Antônio, grande homem, amigo de Deus e das
pessoas. Fiel discípulo de Cristo e seguidor atento dos passos do Mestre.
Antônio nasceu em Lisboa, Portugal, no ano de 1195, filho de Martim Afonso e
Dona Maria. Seu nome de batismo era Fernando. Foi ordenado sacerdote no ano de
1220. Faleceu em Pádua no dia 13 de junho de 1231. Viveu em Portugal, na Itália
e França. Destacou-se como teólogo, místico, asceta, taumaturgo e orador.
pós sua canonização recebeu ainda o
título de doutor da igreja, tamanha expressividade e vivacidade de seus
ensinamentos e de seu testemunho de fé e de amor a Cristo e à sua Igreja.
A sua vida é marcada por inúmeros
milagres e fatos miraculosos e muitos deles ocorreram longo de sua vida e
muitos outros após sua morte. Talvez sejam estes inúmeros fatos que fizeram de
Antônio um dos santos mais populares da História do Cristianismo.
Nos documentos que pedem ao Santo
Padre a beatificação e a canonização do frade são relatadas muitas curas, como
de surdos, mudos, paralíticos, cegos e epiléticos. Os documentos ressaltam,
ainda, que estes fatos narrados são poucos dos muitos milagres atribuídos à
intercessão de Santo Antônio, ressaltando que mesmo muitos enfermos deixados do
lado de fora da Igreja foram curados aos olhos de todos.
Além da fama popular de santo
casamenteiro, atribuição de origem tardia, Antônio tem também a tradição de ser
“o santo das coisas perdidas”. Nesse sentido, sentimos a necessidade de,
inspirados na sua pregação, trabalhar pela família cristã, procurando orientar
os jovens para um namoro sadio. Sempre atento às necessidades de seu povo,
especialmente os mais pobres, Santo Antônio inspirou a obra assistencial e
benemérita do "pão dos pobres", uma instituição preocupada em prover
o pão para os mais pobres. Esse aspecto social acompanha a Igreja em toda a sua
história.
Muitas são as formas de devoção em
torno de Santo Antônio: orações, novenas, trezenas, medalhas, o "pão de
santo Antônio", e outros. As paróquias e capelas dedicadas ao santo estão
repletas de tradições devocionais que ajudam o povo a viver a vida cristã
inspirados no exemplo de Santo Antônio.
Vale a pena visitar e aprofundar a
biografia do Santo. Homem de profunda piedade, discípulo e apóstolo do
Evangelho, grande e destacável pregador, não perdeu tempo no anúncio eficaz da
Palavra de Deus. Sua pregação, sempre viva e atual, como nos Atos dos
Apóstolos, era acompanhada de sinais que confirmavam sua origem e procedência.
O que devemos buscar na vida de Santo Antônio é a santidade, procurando fazer a
vontade de Deus, vivendo aberto aos sinais do Senhor.
Dentre os milagres mais conhecidos
estão o da pregação para os peixes em Rimini; o coração do avarento encontrado
dentro do cofre; a mula em adoração ao Santíssimo Sacramento; o recém-nascido
que fala em favor da mãe inocente; o pé decepado que o santo une novamente à
perna; a menina que recebe o bilhete e ganha moedas de acordo com o peso do
papel, depois de recorrer ao santo para conseguir ajuda e não precisar se
prostituir, e tantos outros.
Um dos dons mais destacados de Santo
Antônio está na sua pregação. Talvez um aspecto pouco conhecido popularmente,
mas profundo e importante em sua vida. A sua fala provoca o fascínio das
pessoas e muitas se reúnem para ouvi-lo. Para sua memória não é possível
recuperar toda a sua pregação a viva voz, mas boa parte se encontra em seus
legítimos escritos, os 77 sermões que seu legado nos presenteou e estão
compilados em suas obras. Textos zelosos, ricos da mais sã teologia, que
enormemente contribuíram para a superação de heresias de seu tempo, a ponto de
ser apelidado de "martelo dos hereges".
Nestes tempos em que somos chamados a
uma nova evangelização, recorramos a Santo Antônio, pedindo sua intercessão
para que nosso anúncio missionário seja eficaz e torne Cristo sempre mais
conhecido e amado. Que nossa pregação seja confirmada com sinais e testemunhos,
e ajudem nosso povo a contemplar as maravilhas de nosso Deus. Os vários tipos
de pregação de Santo Antônio nos demonstram as várias possibilidades de
evangelização para que as pessoas acolham Jesus Cristo como Senhor de suas
vidas.
Que a exemplo de Antônio, o santo dos
pobres, nunca nos esqueçamos daqueles que mais precisam e que em todos os
momentos nos rodeiam, necessitando de roupas, pão, remédio e proteção. O amor a
Deus se torna concreto na vida dos mais simples. "Estive com fome e me
destes de comer; com sede, e me destes de beber, nu e me vestistes; enfermo e
me fostes visitar" (cf. Mt. 25,35ss).
"Se milagres desejais, contra os
males e o demônio, recorrei a Santo Antônio e não falhareis jamais. Pela sua
intercessão, foge o erro, a peste e a morte; quem é fraco fica forte, mesmo o
enfermo fica são. Rompem-se as mais vis prisões, recupera-se o perdido, cede o
mar embravecido, no maior dos furacões. Penas mil e humanos ais se moderam, se
retiram: isto digam os que viram, os paduanos e outros mais”. (Do antiquíssimo
responsório de Santo Antônio, "Si quaeris miracula")
Que Santo Antônio inspire a todos, especialmente
a nossa juventude, no seguimento de Nosso Senhor e Redentor Jesus Cristo!
Fonte: CNBB
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