sábado, 30 de junho de 2012

Fazer turismo sustentável 'não é fácil', diz autor do primeiro código de conduta ambiental


O presidente da Associação de Hotéis Roteiros de Charme, Helenio Waddington, foi o único hoteleiro do Brasil convidado a participar do congresso Green Innovation in Tourism, promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) dentro da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Ele disse à Agência Brasil que fazer turismo sustentável "não é fácil", e que funciona, na prática, com muito esforço.

Autor do primeiro código de ética e conduta ambiental da hotelaria mundial, aprovado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como referência internacional, Waddington declarou que a primeira tarefa a ser desenvolvida no caminho do turismo sustentável é convencer os empresários. "É fazer eles entenderem que vale a pena, que é rentável, que ele é mais eficaz como empresa tentando ser sustentável. Porque as práticas que ele adota representam redução de custos. E isso é bom para as empresas", disse.

Segundo ele, não há como desvincular, no caso da hotelaria, o viés econômico do ambiental. Após o trabalho de convencimento do empresariado, tem início a fase de implementação do conceito sustentável dentro de cada hotel, a partir de um modelo que identifica onde estão as causas do impacto ambiental, passando pela conscientização dos funcionários, até chegar aos gestores e proprietários dos empreendimentos.

A mobilização dos hóspedes também é uma meta a ser alcançada. Hoje, na avaliação de Waddington, esse processo é mais fácil. Ele deve ser buscado por meio de informação completa, sem prejudicar a expectativa de qualidade e conforto dos hóspedes. "Se ele [hóspede] não for bem informado, não adere", ressaltou.

Segundo o presidente da Associação de Hotéis Roteiros de Charme, o turismo sustentável está se expandindo lentamente no mundo e abrange, em especial, os hotéis de pequeno e médio porte que, no Brasil, representam cerca de 90% dos meios de hospedagem. No mundo, os pequenos empreendimentos correspondem a 80% da hotelaria, enquanto 20% são as grandes cadeias. Considerando que os cinco mil municípios brasileiros têm até dez hotéis de pequeno e médio porte cada, ele estimou que o segmento reúne em torno de 50 mil hotéis no país. Desses, entretanto, apenas 1% adota a sustentabilidade.

A Associação Roteiros de Charme abriga 55 hotéis que irradiam as normas de sustentabilidade para 250 empreendimentos, sem nenhuma subvenção governamental. Pioneiro na luta pelas causas ambientais na hotelaria nacional, há 20 anos, Waddington defendeu uma ação inteligente dos governos federal, estaduais e municipais para que as ações e verbas direcionadas ao turismo sustentável cheguem às pequenas cidades.

A criação de reservas legais para manter preservadas as matas também é um caminho que deve ser incentivado no setor. Ele destacou ainda a importância e prioridade que devem ser dadas à educação. "Todo processo é mudança de postura. Eu diria que em todo código ambiental nosso, 80% são educação e 20% são mudança para equipamentos mais eficientes".

Fonte: Folha.com


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